June 30, 2010

All Shiny

Indies de longa carreira já devem conhecer o The Decemberists. Quem não conhece, o que eu posso dizer é que eles tem um estilo alternativo que preza por canções intrumentalmente cheias de camadas melódicas, com o uso de instrumentos como violino, acordeão, órgão, uma vibe antiga, épica, trabalhada, essas coisas. Tão ou mais trabalhadas que o instrumental são as letras. Colin Meloy, vocalista e letrista da banda, é meio que formado em Letras (na verdade, Wikipedia says que ele se formou em "Creative Writing", ou seja, tudo se explica aí). A maioria das letras são como pequenos contos, e Colin versa sobre piratas, marinheiros, legionários, reinos distantes, disputas mortais entre famílias e, claro, amores impossíveis. O vocabulário das canções é de um rebuscamento que faria a lista magna de Bombonière se recolher a sua insignificância. Coisa de pegar um dicionário e enriquecer seus conhecimentos da língua inglesa de quebra. Mas não são canções pretensiosas (o rebuscamento em "Los Angeles, I'm Yours" chega a ser engraçado, e provavelmente foi essa a intenção). São caprichadas. E bonitas.
Conheci quando tive uma crush uma vez. O sujeito elegeu "We Both Go Down Together" como música de primeiro encontro. Eu fui ouvir e gamei nos dois (e não, não é plágio de "Losing My Religion", só meio que lembra).
Daí o que ficou foi a banda. 
P.S.: Colin Meloy gravou um EP chamado "Colin Meloy sings Morrissey" em que ele, bem, canta músicas do Morrissey. Acústicas. Recomendo veementemente se você curte o Mozza, mas tenha cuidado que a coisa é FORTE. Pega aqui e fica por tua conta e risco.

June 29, 2010

Melhores diálogos

1)
- Ai, imagina ter um namorado músico. Tocando Beatles pra mim, então!!
- Aaaaahnn (suspiros adolescentes).
- Tá certo que hoje em dia eu não estou muito bem podendo exigir muita coisa, mas gostar de Beatles é fundamental...
- Olha, eu tinha pensado em exigir alguém que compreendesse o sentimento nas músicas do The Smiths, mas achei que era demais.
- Noooossa, tá loucaaaa!!!

2)
- No way?
- No way.
- No fucking way?
- No fucking way.

3)




One day

Parece que é mesmo assim, o que a memória ama fica eterno. E aí que o tempo passa e tão logo fica difícil  suportar o 10º manda- mento. Meu freund diz que vale o que está escrito: enquanto não cobiçar a MULHER do próximo fica isento. Piada à parte, o sonho, ah, esse é muito melhor que a realidade.

June 27, 2010

Virtualizar

Sonhei que combinava de me encontrar com um amigo, ele "era" uma janelinha do GTalk.
Um dia precisava acordar às 6 horas, no sonho outro amigo aparecia, ele "era" uma janela de MSN e me dizia (teclava): "Ei, não tá na hora de acordar?" E aí eu acordei de verdade. Eram 6 horas.
Sonhei que encontrava no Wikipédia a biografia do pai de um amigo e descobria que o homem era um dos maiores nomes do video mapping da atualidade (???).
Acho engraçado quando tenho sonhos com coisas internéticas, ao mesmo tempo em que me sinto muito incomodada, uma certeza de que tenho passado tempo demais no computador. É um vício agridoce, tudo e todos estão aqui. Preferia ter tudo ao vivo, demorar mais pra saber das coisas, com certeza queria não saber nada sobre aquilo que eu não solicitei, mas que me chega aos olhos sem que eu tenha muita escolha nisso. Minha geração ainda se lembra de tocar LPs, foi tudo rápido demais e eu já estou cansando...
Acabo sabendo de coisas que não solicitei... E nem todo mundo que eu queria mais perto realmente está perto. Pelo menos é como a gente consegue administrar por ora. Virtual é vida real? Viver é melhor que virtualizar...
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June 25, 2010

What If?

Adoro Adore.

June 24, 2010

Memorial

Não sou adepta a rituais, mas tenho minhas cismas. Coisas que eu sinto necessidade não-lógica de reencenar, revisitar. Tenho rituais com lugares físicos que elejo por alguma importância emocional imposta, a fim de tentar, mesmo que em vão, reviver os momentos ali vividos, prestar homenagem, respeito e condolências ao que passou tão passado. E rápido. Digo que é necessário voltar, naquela de tentar se prender. Coloco um peso solene. Com o tempo, a lembrança vai queimando menos no peito. Não tem problema, acontece (com sorte!). O marco já foi feito.
Tenho muitos, um deles é uma rua inteira, fiz o mapeamento emocional de toda sua extensão. Conheço os estabelecimentos, noto quando um fecha, outro abre, acompanho a evolução das obras e cataloguei os diferentes cheiros que pairam conforme evoluo a passos rápidos. As lanchonetes, os cinemas, os pontos de ônibus, ah, o ponto de ônibus! E a tal esquina. Virou ritual, instalação de memoriais. Virou turismo emocional que só eu entendo. "E agora, à sua esquerda, você verão onde blá, blá, blá."
Espalharam pedaços de mim que eu deixei que levassem, parece que estou sempre a procurá-los. Se escondem entre DVDs à venda nas prateleiras, dentro das máquinas de lavar cheias de amaciante, atrás do balcão de lanches, na escuridão do bar e dentro dos sapatos na vitrine. Vou na mesma cabine do banheiro, a do meio, mas não encontro. Entro na mesma sala de cinema, não estava lá. Esperei o sinal abrir na mesma esquina, em vão. Sentei na mesma mesa, e não veio. Foram-se todos. São apenas rituais de condolência. Saudades do tempo em que era infeliz e adorava.
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June 22, 2010

Presença

Fico com saudades daquela presença, em materialidade. Se encontrasse ia olhar como criança no natal querendo descobrir presente, sem tentativa de disfarces, sem querer me conter, querendo pular pra cima. Arrancar o papel de presente e mal conseguir tocar, muito bom pra ser verdade. Oba!!!, finalmente o Papai Noel trouxe a Caloi que eu sempre quis, e que pedi, pedi, implorei. Nossa, coloquei aqueles avisos de "Não se esqueça da minha Caloi" até no armário do banheiro! É muito grande pra mim ainda, mas puxa, tô tão feliz, mal posso esperar. Não, pô, não coloca rodinhas, eu consigo andar sozinha. Deixa eu me estabacar pela rua, aí aprendo. Não ligo de me estabacar, mesmo... Se arrumar cicatriz vou lembrar que tava curtindo muito.

June 20, 2010

Som e fúria, significando nada


... ou significando tudo.

June 19, 2010

@bobdylansays

June 17, 2010

Constatação da semana

Acho que nunca fui tão franca...

June 16, 2010

Inteligência

Eu nunca fui boa nessas coisas, até que ultimamente tenho feito alguns acertos em sintonizar frequências estrangeiras, por mais codificadas que apareçam, por mais loucas que sejam. Essas peças de informação e contrainformação exigem dos melhores agentes de Inteligência. Tentar se colocar no lugar do outro é a técnica mais eficaz. E afinal, pensar demais uma hora leva a uma noção mais abrangente. Quanto mais teorias levantadas, maior a possibilidade de uma estar certa. Eu nunca tive a presunção de saber o que se passa com outra pessoa, outra vida, outra história de vida. Mas todos deixamos pistas por aí para quem interessar possa. Muita gente é melhor em montar quebra-cabeças. Ainda sim, há coisas que nunca saberemos, coisas que não dá pra explicar. A graça é passar a vida tentando, esperando que o outro sempre surpreenda (positivamente)... E, bem, perguntar também não dói.
Mas é bom o gosto de acertar, com minhas teorias realistas, enquanto outros levantam teorias mais idealistas, ou algo assim. Eu falo, não acreditam. Aham, deixa estar. Meu drama não é ilusional, tô pra ver coisa mais sóbria e bem fundamentada (entenda, não disse que o fundamento era bom). Longe de virar especialista, só comemoro por ter conseguido por certas coisas em pratos práticos.
Não gosto de jogos mentais, sou boa em diplomacia e apaziguamento, mas tomei a pílula da franquice. Juro solenemente tentar dizer a verdade, não podemos ter medo dela. É a verdade, oras! Sei que tem gente, porém, que sonseia, não de propósito. É assim consigo, é assim com os outros. Nada muito que se fazer: quando necessário, chamar a CIA. Se vale o tempo gasto, gaste o tempo, vai valer.
"Nunca conseguimos entender por que as meninas faziam questão de ser maduras, nem por que sentiam tanta necessidade de elogiar umas às outras, mas às vezes, depois de um de nós ter lido em voz alta um longo trecho do diário, tínhamos que combater o desejo de nos abraçar ou de dizer uns aos outros como éramos bonitos.
Sentimos o aprisionamento que é ser garota, e como isso torna a mente ativa e sonhadora, e como a gente acaba sabendo quais as cores que combinam entre si. Soubemos que as garotas são nossas gêmeas, que existíamos todos no espaço como animais de idêntica pele, e que elas sabiam tudo a nosso respeito embora nós não soubéssemos nada delas.
Soubemos, afinal, que as garotas são na realidade mulheres disfarçadas que compreendem o amor e até mesmo a morte, e que a nossa tarefa era apenas gerar o barulho que parecia fasciná-las."
As Virgens Suicidas, de Jeffrey Eugenides

June 14, 2010

Tormento

É teu nome.

June 13, 2010

Romance

O romântico quer morrer, quer sofrer, quer chorar, quer o impossível, quer o inviável. "Só o amor incompleto pode ser romântico", já proferira algum personagem de Woody Allen. E é verdade. Amor romântico vive na cabeça, na fantasia, sem os descontroles da realidade. O romântico está no controle do seu próprio sofrimento, das suas medidas e desmedidas. Escolhe o alvo que quiser, independente das possibilidades. Te imagino, te conserto, eu faço a cena que eu quiser. Eu tiro a roupa pra você, minha maior ficção de amor. Te recriei só pro meu prazer.
Te recriei pro meu sofrer. O romântico gosta implorar pra ficar, pra voltar, pra dar uma chance de provar o amor. Quer lamentar o que perdeu e o que nem chegou a ter. Quer pedir perdão sem ter feito nada. O romântico quer o mais difícil. Quer salvar a princesa no alto da torre mais alta. Quer salvar a princesa que não quer ser salva.
O romântico não é prático. Não quer ver sua fantasia realizada. É aquele que diz que o amor não tem pressa e que pode ficar no fundo do armário milênios, milênios, milênios... até que a cidade seja submersa e cientistas descubram esse estranho objeto de desejo codificado em hieróglifos complexos. Afinal, o romântico, não sendo prático, adora complicar as coisas.
Casais de namorados de mãos dadas no shopping, seu relacionamentos reais, obviamente viáveis (ora, já que estão juntos!), não são românticos. Implorar pelo que, a quem já te disse sim? As flores, os abomináveis bichos de pelúcia, os perfumes são meros caprichos, melosidade, cuti-cuti, miguxismo -- ou seria namoxismo? Nada contra. Só não é romântico. 
Relações precisam ser práticas para acontecerem. Há decisões a serem feitas. Ela te atrai porque é seu tipo, porque mora perto, porque está no mesmo grupo de amigos, gosta de coisas parecidas, frequentam os mesmos lugares. Ou porque é diferente, exótica. Ou porque é meio tapada, mas tem um corpo legal. Mais lógica ainda está no simples fato de ter acontecido. Deu certo, houve vontade e, por isso, decisão de ficarem juntos. O romântico somente sonha em um dia ver a amada tentar com ele. Nas fantasias, ele pondera: "se ao menos ela me escolhesse". Se ao menos isso tudo fosse posto em prática. Se ao menos fôssemos possíveis. Mas daí escolhe pessoas que ofereçam resistência e situações adversas. Tem que ser difícil. O romântico, quando namora, inventa ciúme, paranoia ou qualquer coisa. É preciso manter pulsando lá no fundo o medo de que, a qualquer momento, tudo vai dar errado.
Romantismo é rejeitar o viável, amar o impossível. É lutar com moinho de vento por esporte. Até cansar, desgastar, consumir-se. Lembre-se que, antes de Julieta, havia Rosalina. Rosalina cagava solenemente para Romeu, que mesmo assim passou um bom terço do livro ruminando sobre ela. Trocou essa impossibilidade por Julieta, mais impossível ainda. Completo romântico que era, desejou a morte. Andando de fantasia em fantasia, a mais irreal é a mais doce.
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June 10, 2010

1 utilidade

Tokyo! Primeira meia hora.
"Aaah! Ela vai virar cadeira para sempre, e pela primeira vez na vida, vai se sentir útil! Ops, desculpa, ainda faltam uns 10 minutos pro filme acabar..."
Acabou. Disfarcei lagriminha. Foi preciso um certo esforço.
Descobri que a atriz que faz a mulher-cadeira é a filha japonesa do Steven Seagal.
Descobri que o Gondry se inspirou numa história em quadrinhos.
Gosto tanto dele...
Cecil and Jordan in New York
Clica que eu deixo você ler

June 7, 2010

Problema

Mas o que você vai fazer com o seu problema?
Vai esquecer?
O meu problema.
Meu problema é geográfico.
Meu problema é ectoplasmático.
Meu problema tem nome e sobrenome.
Meu problema é meu.
Meu problema sou eu.
Vai sumir?

P

June 5, 2010

Aprenda

É o caminho...

June 4, 2010

Saudades

Agradecimentos à vizinha surda - só pode ser surda, ou com um senso muito distorcido de vida em comunidade - que ouve música nas alturas um sábado de manhã. Fui acordada com um som que seria demasiado alto se fosse eu que estivesse ouvindo no meu quarto, mas não. A senhora mora no prédio da frente, 2 andares abaixo, e eu consigo ouvir toda a sua programação musical.
A primeira música começou: "Quem me dera ao menos uma vez...". Sim, lamente meu infortúnio. Eram eles. Não me levem a mal os fãs, eu gosto, eu sei as letras, eu me identifico. Eu só evito ouvir. Não é algo que se ouve todo dia, pra descontrair. Ultimamente, nenhum dia é um bom dia.
E lá foi ele, com sua voz marcante, ao verso que me chamou atenção como se eu nunca o tivesse percebido. "E é só você que tem a cura do meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi".
Eu tenho saudades do que eu nunca vi ou vivi, saudades do que eu nunca tive, culpa de quem imagina demais e faz situações tão perfeitas em suas pequenas falhas, mas ainda boas o suficiente para que eu sinta falta. Sinto falta como se tivesse acontecido de fato e eu tivesse, sei lá, estragado tudo de alguma maneira. Sinto falta como alguém que deseja voltar a trás e não errar nada, esticar aquele momento por mais um tanto.
Mas, não houve nada. O que poderia ter feito para que, se eu voltasse no tempo, eu conseguisse fazer acontecer? Se eu não consegui, não era pra ser, não é mesmo? E se acontecesse, teria garantias que fosse bom? Ok, eu sei de tudo isso, mas e essas saudades (virtuais)? Essa dor da perda em canções melosas? Lembro de uma professora de francês, tão nova, com um filho pequeno e um ex-marido relapso, ensinando pra turma "Non, je ne regrette rien", revelando um passado doído e a vontade de não se arrepender e recomeçar, como no final da canção, mesmo que seja com "moi" (ela mesma) e não com um outro "toi". Viver e aprender e ultrapassar.
Meu problema é recorrente e consciente. Não é a primeira vez que passo por isso, gostaria que fosse a última. Anos atrás escrevi pra mim mesma duas frases de ordem, deveria eu tê-las repetido todos os dias ao dormir e acordar:
Não se perde o que nunca foi seu.
Não se lamenta o que nunca aconteceu.
Negligenciei, como a outras coisas. E lá fui eu. Saudades. Problema está em esquecer tão bem aquilo pelo que passei (mesmo que tenha demorado e sofrido pra esquecer). Mas esqueço. E não aprendo. Caio novamente. Saudades. Enormes. Daquilo que não vivi.
Saudades de quando era bom. Foi bom algum dia?
Wisemen never fall in love... Zooey canta com cara-de-maluca. Há de se admirar.

June 3, 2010

Qualquer coisa, anything

Um dia sugeriram que eu visse o filme "Ensina-me a Viver" (Harold and Maude, 1971), para que isso quem sabe suscitasse em mim algum ímpeto de viver.
É sério.
Eu vi. Não que tenha mudado radicalmente a minha vida (gostaria que um filme fosse o suficiente), mas se trata realmente de um ótimo filme com uma história tocante. Sem falar que é considerado um clássico da época em que os diretores salvaram Hollywood dos filmes inócuos de estúdio e começaram a trazer à tela a vida real, a contracultura, os protestos, os desvios da sociedade como era. Afinal, um romance entre um rapaz de uns 18 anos e uma quase octogenária não era lá coisa que se via por aí...
Harold tem obsessão pela morte. Maude amava a vida. Ela já tinha vivido o bastante, ele estava só começando. O que faltava? Faltava ele finalmente entender que tinha sorte de estar vivo, que pode fazer suas oportunidades, que podia, "simples assim". Coisas que são fáceis de saber mas que nem sempre entendemos depressa.
A trilha sonora é do Cat Stevens, bombante na época, e essa canção, da cena final do filme, basicamente diz tudo:
Em tempo: Cat Stevens acreditou tanto nisso que podia fazer o que queria que mudou o nome, virou muçulmano, e abandonou a carreira por um longo tempo. "Simples assim". Afinal, ele quis.

June 2, 2010

Ironia fina

Soneto
Chico Buarque

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono
Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo
Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída
Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio
Não consigo me acostumar com a voz do Chico Buarque, suas fãs são losermânicas (ou seriam as fãs losermânicas uma evolução das buarquianas? A refletir), mas é preciso admirar MUITO uma coisa dessas...