September 30, 2010

O dia em que eu venci na vida

Hoje o Alex Kapranos falou comigo no Twitter. Venci na vida, Brasil?
Numa divagações no Twitter sobre sonhos, cansaço e semi-consciência, o vocalista do Franz Ferdinand lamentou ter disperdiçado o que ele estava sentindo ao se dispor a discutir a coisa com meio mundo. Foi aí que eu entrei, dizendo que as pessoas são mais cismadas em dividir/divulgar o momento do que sentir/viver o momento. É por isso justamente que todo mundo vai a shows como o dele prontos para fotografar e gravar cada detalhe. E aparentemente ele não curte isso.
Groupices à parte, eu realmente penso o que eu disse. A epifania veio num show do Death Cab For Cutie há uns anos. Eu estava muito perto do palco, gravando o show, quando percebi que estava vendo o show pela tela da câmera. Hello? Os caras estavam bem na minha frente. Pergunta se eu vejo aqueles vídeos que fiz hoje em dia? Sem falar que a maioria dos vídeos capturados em shows tem um som completamente estourado. Fotografar show, sem uma câmera das boas, nem rola. Pra não cair na minha própria armadilha de acabar assistindo pela câmera, não a levo mais comigo.
Mas tudo parece se organizar com a imagem, uma espécie de prova que você esteve presente, documentado de modo que possa ser compartilhado. Fotos pro Facebook/Orkut, vídeos pro YouTube, relatos em tempo real no Twitter, somos papparazos de nós mesmos. Senão, não sentimos como se realmente aconteceu. Talvez sejam informações demais, a memória falha, precisamos dessas pistas para lembrarmos. Mas na fissura de documentar, o momento presente perde a mágica. Ou melhor, a mágica é jogada pro passado. A vida na era de sua reprodutibilidade tecnológica.
Com a resposta do Kapranos, um outro usuário brasileiro nos recomendou um poema de Jorge Luís Borges:
Nostalgia do Presente
Naquele preciso momento o homem disse:
"O que eu daria pela felicidade
de estar ao teu lado na Islândia
sob o grande dia imóvel
e de repartir o agora
como se reparte a música
ou o sabor de um fruto."
Naquele preciso momento
o homem estava junto dela na Islândia.

September 28, 2010

Faz mais de ano

Eu tenho coisa com setembro. Não sei muito bem o quê. Eu não sou de afirmar que é algo místico, que setembro é algum tipo de momento cósmico do meu ano. Não vou por esse lado. Mas reparo em setembro. Sabe-se lá se é influência aquele clichê de renovação, de "acabou o inverno, vem primavera aí". E se for, por que não? 
Não dá pra sentir muito aqui, mas a mudança de estação chega a ser drástica. Nas regiões de estações bem definidas a temperatura aumenta, o ar refresca, todas as flores começam a abrir. Tudo polinizando adoidado à volta. Alegria, menos dos alérgicos. Eu, mal acostumada a ar puro - digo, ar "poluído" somente por pólen -, acordava sem conseguir falar, rouquidão por 3 semanas.
A questão é: eu acho que coisas interessantes na minha vida acontecem em setembro. Coisas importantes. Mudar, novas coisas, apaixonar, desapaixonar, desde que sejam outros rumos. Mas nem é todo setembro que algo transforma tudo. Eu fico de olho, tento não criar expectativas. Deixo o mês rolar. De qualquer maneira, setembro floresce, e é o suficiente.
Saudades... do you remember?

September 26, 2010

Se conselho fosse bom...

Continue sempre andando
Não deixe te verem sangrando.
Não se perde o que nunca foi seu
Não se lamenta o que nunca aconteceu.
Escrevi isso num poema para mim mesma aos 17 anos e acho que ainda não aprendi.


September 25, 2010

Exibicionismo barato

O máximo que podemos permitir:


September 24, 2010

Mixtape #littlejoia 1

Resolvi pedir menos de meia hora de sua atenção para uma mixtape das músicas que mais me cativaram ultimamente. Pensei em juntar músicas que transmitam feelings que me rodeiam: melancolica com um sorriso, saudades, esperança, liberdade, escapismo, suspiros, amor estranho. Confiem em mim, são todas belas, mas não quero revelar quais são agora... Melhor ouvir na surpresa. Ouvir uma programação surpresa é o que me atrai no rádio, ou no shuffle do mp3... O suspense é também porque eu gostaria que realmente ouvissem. =) 
Mas aí vão algumas pistas:
- Uma das grandes influências de música e estilo dos anos 80. Dark, romântico, mas estranhamente consegue colocar um sorriso nos lábios.
- Um artista que criou belíssimas melodias, mas foi vítima de si mesmo. Como outros tantos gênios...
- Hiperativo, criativo e amalucado, aqui em um de seus momentos mais introspectivos, doloridos e belos.
- Lançamento recente de um megalômano musical tentando baixar um pouco a guarda pra construir mais um momento sublime.
- Voz marcante, piano inebriante, uma canção cuja intensidade se eleva continuamente. Banda considerada uma das melhores de hoje. Melancolia realista, corro pra ouvir quando o coração tem saudades.
- Descendo no ritmo, pra depoir subir novamente, uma volta aos 90's com uma das melhores dessa geração.
- Na direção de Mexicali, um instrumental para viajar com uma banda adoravelmente durona.
- Uma das melhores bandas no mundo, e ainda na ativa, num clássico groovy pra fechar na melhor vibe possível.
Enjoy!

September 21, 2010

Boas: Haia edition

Haia, ou Den Haag, é aquela mesmo do Tribunal. Uma cidade antiga/modernete, abriga a rainha da Holanda e uma calçada cheia de esculturas de cunho erótico-conceitual... 
Rolaria praia, mas estava muito frio. Tivemos que entrar em uma Zara e uma H&M pra comprar leggings e casacos a preços módicos. Depois foi só passear. 
Queríamos encontrar um lugar pra trocar traveler's check, mas a loja fechou na nossa cara. 
Achar o tal Palácio da Paz foi um suplício. 
E foi em Haia que a minha câmera caiu, e o zoom travou no lugar com a mais bonita paisagem (na construção à beira de um lago que vocês podem ver mais abaixo). 
Foi também em Haia que a Priscila recebeu a cantada mais esdrúxula: "ERICSSON! Minha marca favorita!" Era um tiozão indiano querendo puxar assunto, ao ver a mochila dela, que era da marca.
Conseguiu superar a cantada que eu levei no carnaval ("Bata bonita...").
"O falo cansado"
Chinatown



A residência da rainha.

Hein?




Portão do Palácio da Paz.
O próprio.

A "chama da Paz Mundial"

September 20, 2010

Err...

Quando eu paro e penso nessa vida, fica mais ou menos assim:

September 19, 2010

Awhn

Eu não posso com essas #fofices...

September 18, 2010

Boas: Amsterdam edition

Não tinha reparado, foi instintivo talvez, mas aparentemente acabou sendo uma tentativa homérica de retratar a cidade sem seus maiores atrativos turísticos: drogas & prostituição. Não porque gostamos de fugir dos clichês - sim, gostamos! - mas porque a cidade em si não inspira exatamente isso. Com suas construções do séc. XVII maravilhosamente conservadas, canais tranquilos, ruas enviesadas cheias de bicicletas, as imagens que representam drogas & prostituição em muitos lugares, em lojas de souvenirs e coffee shops, parecem forçadas e um tanto bobas. Drogas & prostituição são coisas liberadas e normais lá? Por que tanto alarde então? Sei lá...
Sim, nós somos "do contra" =P
O quanto de gente que deve chegar lá no Museu do Van Gogh procurando Starry Night não deve ser pouco...


Oi? Não precisa fazer sinal pro bonde, né? #maniadepobre
A fila da Casa da Anne Frank. O museu é a casa onde ela ficou escondida durante anos por conta da perseguição aos judeus na Segunda Guerra, e você pode entrar no enconderijo. É forte e emocionante.


Lembrando que fomos logo após a final da Copa, a cidade ainda estava em ritmo de festa laranja.




Shoarma no restaurante grego. Demos um novo nome à esse prato, mas acho melhor não revelar. Vai que tem crianças me lendo...
Choveu muito na gente, e não conseguimos fazer nada de interessante nesse dia.
... sorte que achamos uma boa coffee shop!

September 15, 2010

E aí eu faço TILT

God only know that I've tried...


Ele pode não ser lá o melhor dos atores, mas quem liga quando se faz um clipe só com o propósito de mostrar sua gloriosa figura? Um dia eu morro de Jakob Dylan...

September 14, 2010

Onde ela está

My mind is on you, please don't take it off
Just leave it there, so don't get lost
So don't get empty, sittin' by itself in the evening time
Thinkin' too much, stayin' home
My mind is on you, don't leave it alone
Don't step aside, when you are steppin'
Don't run around, when you are dizzy
Say to the flower: "I am a flower"
I'm sick inside, I'm lucky to cry
My mind is on you, please don't take it off
Just leave it there, so it don't get lost
So don't get empty, sittin' by itself in the evening time
My mind is on you, let it stay
My, I won't hate you, let it stay
Let it stay

I'm livin' ahead of what I know
I never learn, the way I burn
Tasting my time, spitting it out
I can't breathe, I can only shout
My mind is on you, please don't take it off
Just leave it there so it don't get lost
So it don't get empty, sittin' by itself in the evening time
In the evening time

My mind is on you, from sun to sun
From all that is lost, to all that is done
From all that is pure and all that is fake
From the steel stones to the wedding lake
Like a flaming beach on the windy plain
I am your blood, I am your brain

My mind is on you, let it stay



September 13, 2010

Apareceu outra

No meio da aula de Francês...
- O que é isso?
- É uma ave... Espera!! Eu sei o que é... é uma... uma... uma CODORNA!
- Ok, tudo bem. Se você disse "ave" eu já me dou por satisfeita.

September 12, 2010

Todo mundo criança

Eu queria ser concedida a graça de um dia ter um filho fan-tas-ti-ca-men-te LINDO como o Nicolau:
Mas, verdade seja dita, mais provável que seja parecido com o Agnaldo...
De qualquer maneira, se você ainda não viu "O Pequeno Nicolau", fica a dica. Acho que já vi tarde e parece ser chover no molhado ficar tecendo elogios, dizer que é engraçado, fofo, bonito. Tanta gente me recomendou, a palavra corre por aí. Mas o melhor, pra mim, foi isso: ver filme com criança (não digo que é DE criança por que isso não vale), em sessão matinê, todo mundo falando, rindo, reagindo ao filme com vontade. Quem-Sabe-Ler explicando o filme pra Quem-Ainda-Não-Sabe. Deixar-se sentir é o que vale da arte. Gente que ri com vontade multiplica o riso. Anarquia PLEASURE, todo mundo criança. Felizes sentimentos.

September 7, 2010

Tá chovendo?

The National
As Virgens Suicidas
Scott Matthews
Tindersticks
O novo EP do Sufjan Stevens
Começo anti-folk do Beck e sua fase Sea Change
Nick Drake
Discografia do Elliot Smith.

É, acho que...

(aaaaaah, minha infância querida...)
p.s.: Se algum dia eu chegar no Tom Waits, amigos, por favor: INTERVENÇÃO.

September 6, 2010

Caminhe com esse estilo

"Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com luz dourada e prateada,
Os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz e da meia-luz,
Os estenderia sob os teus pés.
Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos.
Eu estendi meus sonhos sob os teus pés
Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos."
W.B. Yeats

September 3, 2010

Just go

Não lhe confio mais meus sentimentos em palavras e sons, se um dia já realmente confiei. Talvez foram somente tentativas, provadas falhas, interesse caindo de perto de zero para menos zero. E quanto menos interesse, menos visão, audição, tato e intuição pra perceber as nuances, os recados, as mensagens, o mistério, a poesia, as entrelinhas. Não subestimo a capacidade de ninguém, mas o impossível é tudo aquilo que não se quer fazer. Faço longas cartas pra ninguém. E pra ninguém executo as sinfonias - decodificadas, infantis, patéticas, porém bem-intencionadas. Descasco meu coração com faca como a uma laranja, mesmo que pra ninguém, ou ao menos para mim, por alguma razão achei que deveria fazer isso. Se quiser ir, então vá,. Te impedir vai acabar sufocando seu encantamento.
God bless Sufjan (e Marzuki & Djohariah, seus irmãos, nomes de mantra e inspiração constante em sua obra). Esse cara comprou um pacote de sublime que nunca acaba mais. O EP All Delighted People já está aí pra download e streming. Altamente recomendado pra quem gosta de temáticas complexas, sonoridade em camadas, orquestra-folk, banjo-distorção, viagem-quizira, magalomania-beleza.
Coisa mais gostosa foi ler um texto dele sobre o dia em que seus pais lhe pediram desculpas por terem lhe dado esse nome, e disseram que ele podia mudá-lo se quisesse. Deram-lhe o prazo de uma semana, em que ele se debateu sem parar sobre quem nome lhe caberia melhor. Ao fim, Sufjan era. Sufjan é.

September 1, 2010

Causa perdida

Eu e um amigo temos um tipo de "jogo"... começou sem querer, eu reclamava de alguma coisa, ele dizia que já tinha passado por coisa pior, eu duvidava e aí ele contava seu causo. Ok, aí eu pedia permissão pra devidamente superá-lo. Aconteceu uma, duas, muitas vezes. Até peguei sempre dizendo "quer ver que eu supero?" e ele se pegou dizendo "não vou nem contar porque você vai me superar mesmo". E daí virou isso, eu supero qualquer mico, qualquer #fail.
Lembro até hoje quando um professor de Literatura falou disso, do orgulho por estar pior. Sentimos como se estivessemos nos vangloriando, enquanto esquecermos que aquilo não é motivo algum pra se vangloriar. Por que fazer isso? Por acaso é algum gesto altruísta pra mostrar pra outra pessoa que tudo que está ruim pode piorar? Quem sabe fazer a pessoa se sentir melhor consigo mesma vendo que você está numa merda pior? Comecei a ficar incomodada com isso, por pensar sempre no pior, chegar a forçar as coisas pra poder parecer que estou pior do que realmente sou. Mas parece ser tão irresistível...
Sinceramente, não sei porque eu faço. Acho que é porque eu não permito que ninguém fique infeliz nessa casa, só eu. Ninguém tem realmente motivos, só eu. Ok que todo mundo realmente tem motivos, ok que a pessoa pode estar nadando na grana e infeliz, pegando geral e infeliz, viajando a Europa e infeliz, mas que seja, eu supero e você tem é que estar bem satisfeito, porque é assim que te imagino. Às vezes eu imagino problemas piores, pra ver se eu relativizo. Mas na maioria das vezes eu quero mesmo ganhar essa parada, ainda que patética, e afirmo logo que eu sou a mais cansada, mais perdida, mais desesperançada, que quero sair sem rumo faz tempo demais, que essa fase tem durado tempo demais. A vida não é ruim. Tenho casa, saúde e pago minhas contas em dia. Tenho alguns talentos, infelizmente, um deles é superar os #fails. Trabalho de 10 às 22, moro longe, pego ônibus, durmo tarde, acordo cedo mas isso nem é o pior. Eu chego em casa e ninguém vem ficar comigo. Então ssshhhhh que essa eu levo pra casa. Ao menos essa.


E ainda sorrio! Descobri o Sea Change, álbum do Beck de 1999, deliciosamente melancólico, completamente lindo, portanto irresistível pro meu mood. Big joia altamente recomendada.