Dia 2 do Little Joia. Vamos até onde vai.
Ainda pensando em coisas pra dizer, tenho-as muitas. Mas, na maioria das vezes, pensamentos vêm e vão sem encontrar materialidade, registro. Um bloquinho, um guardanapo, um computador ligado. Sempre pensei que um dia deveriam criar um gravador mental (alô, Steve Jobs?). Eu ia usar pra gravar minhas músicas, que aparecem com letra, melodia, arranjo, full band e os escambau, mas que não são um sucesso porque só ficam na cabeça - e geralmente brotam durante o banho (lugar menos propício para a escrita). Minutos depois, elas evaporam. Pena.
Tenho coisas a dizer aqui, às vezes me preocupo se não revelaria demais. Muitas coisas não interessam a ninguém. Interessa o fato de eu conseguir escrevê-las. Aparentemente, e tenho aprendido, algumas coisas preciso aprender a falar.
(queria que alguém me desafiasse. De novo.)
As coisas que queremos dizer precisam ter importância e utilidade? Um exemplo, quero dizer que tenho saudades, mesmo sabendo que não sou correspondida. Dizer que tenho saudades vai me fazer bem por ter expressado o sentimento. Mas a pessoa que não corresponde... bem, ela não vai poder fazer nada, não é? Sim, às vezes o que a gente fala muda alguma coisa. Mas às vezes não muda. Suas palavras mereceram ganhar o ar, a pessoa mereceu ouvir? Ok, outro mérito...
Gostaria de dizer umas coisas pro meu pai, por exemplo. Gostaria de saber dizê-las de um jeito que ele pudesse entender. Não digo porque não confio que vou conseguir, e temo piorar tudo. Novamente, na minha cabeça tudo é de uma elouquência de Barack Obama com ponto eletrônico. Já na vida real, sou eu, sem ponto, sem pontos definidos no discurso. Para ele, por exemplo, gostaria de falar que, quando não querem nosso conselho, é por que não querem. E que quando não querem seguí-lo, simplesmente não o farão. E que quando diz "eu estou aqui para ajudar", significa se colocar superior enquanto está fora do problema, portanto alheia (Ronald Reagan tirou isso de algum lugar, David Mamet citou). Por mais bem intencionados, precisamos entender que cada um faz seu caminho. Mas é aquilo, esse meu conselho pode ser ouvido e entendido. Ou não.
Gostaria de dizer outras coisas para outras pessoas...
Joguinho perverso esse: se te encontrar, por um acaso, por aí, esbarrar como disse, vou dizer isso e isso e isso e isso... Das coisas mais importantes às mais banais. Vou dizer de um modo que vai ouvir e entender, considerar e transformar, seguro e confiante. Um milhão de cenas aleatórias, recortes do cotidiano: de repente estamos em um lugar qualquer, o assunto é um qualquer, mas eu sustento. E muito bem. E calo sua boca. E faço começar tudo outra vez, só que diferente. Rewind e resume de algum ponto altamente favorável que eu perdi lá atrás.
Vai saber. Esses sonhos não devem encontrar materialidade.
Enquanto isso, Barack Obama battles the pink robots...The name is Yoshimi... she's a black belt in karate... (continua)