January 8, 2012

Of Montreal num céu de Crystal Meth

Ontem eu fui ver o espetáculo "Beatles num céu de diamantes", e apesar de ter gostado bastante, tanto dos novos arranjos para as músicas quanto da qualidade dos cantores, eu comecei a pensar, ainda no meio do musical, o quão irado seria um musical com músicas do Of Montreal. Eu sei, eu sei, não teria o mesmo apelo. O Of Montreal é uma banda que, mesmo tendo uns bons anos de estrada (uns 15), nunca saiu muito da atmosfera indie. Nos Estados Unidos até que a coisa evoluiu um pouco, e eles foram procurados pelo Outback, que curtiu a música "Wraith Pinned to the Mist (And Other Games)" e fez uma versão dela para uma propagando, muito para a estranheza do seu público (medo de a banda virar mainstream?). Kevin Barnes, líder da banda, alegou que estava num momento muito ruim na vida (deprimido? grogue?) e nem percebeu o que estava fazendo. Mas apesar disso a banda participou de alguns outros comerciais lá fora. 
Já aqui eles são bem conhecidos e queridos pelo público alternativo, mas a julgar pela escalação que tiveram no Planeta Terra 2010 - segunda banda a se apresentar no palco principal, ainda de dia, após o fiasquento "Novos Paulistas", um arremedo de vários representantes paulistas da MHB, Música Hipster Brasileira, já viu - vemos aí que a posição deles não deve ser tão valorizada.
Cara de hipster as hell, né? Mas com mais qualidade do que qualquer Empire of Two Door Vampire Cinema 
O Of Montreal é, vejamos: uma banda com produção bastante fértil, são 11 álbuns, tirando EPs e covers. Tem um lado experimental muito forte, pode ser progressivo e psicodélico, ou disco, funk, ou pop, ou mais rock, ou britrock, por muitas vezes glam, com músicas estruturadas de modo mais clássico ou completamente variadas . Uma gama muito variada de influências que resultam numa produção igualmente variada. Muitas músicas (e álbuns) recebem nomes altamente esdrúxulos, o que pode assustar a galera que espera algo mais tradicional. Mas às vezes a música de título louco é uma pequena gema superpop. O que mais? As músicas animadas, diferentes e visual louco/ glam atraem um grande público gay. Talvez muito disso vem da persona de Kevin Barnes. Cantor e multi-instrumentista, casado com uma norueguesa e pai de uma menina de uns 10 anos, Kevin é, ao menos no palco (não sei fora dele), uma moça. Pense no Serginho, ex-BBB, para ter uma ideia de sua delicadeza. Figura andrógina, figurino escandaloso, loucuras no palco, nada que seja novidade após David Bowie, mas que ainda funciona pela qualidade da banda e inegável talento de Barnes. 
O que me levou à ideia do musical... Muitas das músicas deles são estruturadas com várias vozes, e as mudanças de ritmo remetem diretamente ao universo de musicais. Não precisa ter um plot bem definido (o musical dos Beatles também não tem), ou personagens. Eu sei que a falta de popularidade da banda poderia atrapalhar as vendas, mas imaginem quão legal seria um espetáculo com músicas como:
Coral na veia.

Momento ~cômico~.

Todo mundo canta e dança.

Momento ~romântico~.

Momento profundo e soturno.

Música estalando de nova (vem álbum novo por aí), funkeada e glam.

Outro momento ~cômico~.

Momento ~todos dança funk~.

Coral mais uma vez!

Momento final catártico.

A moral da história é... bem... não usem drogas? Tá, forçada essa, mas até que vale se você pensar que se usar, provavelmente nunca vai conseguir produzir um legado assim. Sério.
E se quiserem ver uma palhinha de como o musical iria ficar, olha o que eu encontrei!!
É tipo isso aí, só que com figurinos mais loucos! (sugiro que vejam até o final)


Agora tá melhor o figurino.

Então, se o Claudio Botelho e Charles Möeller contratam serviço de monitoramento de menções em mídias sociais, espero que eles vejam esse post e se inspirem. Eu não peço nada em troca (OK, talvez um ingresso VIP pra estreia não seja mal, hehe), mas acho que a coisa tem futuro aí. Escutem as músicas com mente aberta!