Eu nunca fui boa nessas coisas, até que ultimamente tenho feito alguns acertos em sintonizar frequências estrangeiras, por mais codificadas que apareçam, por mais loucas que sejam. Essas peças de informação e contrainformação exigem dos melhores agentes de Inteligência. Tentar se colocar no lugar do outro é a técnica mais eficaz. E afinal, pensar demais uma hora leva a uma noção mais abrangente. Quanto mais teorias levantadas, maior a possibilidade de uma estar certa. Eu nunca tive a presunção de saber o que se passa com outra pessoa, outra vida, outra história de vida. Mas todos deixamos pistas por aí para quem interessar possa. Muita gente é melhor em montar quebra-cabeças. Ainda sim, há coisas que nunca saberemos, coisas que não dá pra explicar. A graça é passar a vida tentando, esperando que o outro sempre surpreenda (positivamente)... E, bem, perguntar também não dói.
Mas é bom o gosto de acertar, com minhas teorias realistas, enquanto outros levantam teorias mais idealistas, ou algo assim. Eu falo, não acreditam. Aham, deixa estar. Meu drama não é ilusional, tô pra ver coisa mais sóbria e bem fundamentada (entenda, não disse que o fundamento era bom). Longe de virar especialista, só comemoro por ter conseguido por certas coisas em pratos práticos.
Não gosto de jogos mentais, sou boa em diplomacia e apaziguamento, mas tomei a pílula da franquice. Juro solenemente tentar dizer a verdade, não podemos ter medo dela. É a verdade, oras! Sei que tem gente, porém, que sonseia, não de propósito. É assim consigo, é assim com os outros. Nada muito que se fazer: quando necessário, chamar a CIA. Se vale o tempo gasto, gaste o tempo, vai valer.
"Nunca conseguimos entender por que as meninas faziam questão de ser maduras, nem por que sentiam tanta necessidade de elogiar umas às outras, mas às vezes, depois de um de nós ter lido em voz alta um longo trecho do diário, tínhamos que combater o desejo de nos abraçar ou de dizer uns aos outros como éramos bonitos.
Sentimos o aprisionamento que é ser garota, e como isso torna a mente ativa e sonhadora, e como a gente acaba sabendo quais as cores que combinam entre si. Soubemos que as garotas são nossas gêmeas, que existíamos todos no espaço como animais de idêntica pele, e que elas sabiam tudo a nosso respeito embora nós não soubéssemos nada delas.
Soubemos, afinal, que as garotas são na realidade mulheres disfarçadas que compreendem o amor e até mesmo a morte, e que a nossa tarefa era apenas gerar o barulho que parecia fasciná-las."
As Virgens Suicidas, de Jeffrey Eugenides