Uma das coisas que mais me deprimem é o paradoxo tempo x dinheiro. Você quer ter tempo pra fazer as coisas que quer, mas pra isso, precisa de dinheiro. Aí tem que trabalhar pra fazer dinheiro, e não tem mais tempo pra fazer as coisas que quer. É um ciclo vicioso triste, e pra quem nasceu com alergia à organização capitalista, tem que se espremer na forma pra não ser renegado de vagabundo, maluco e/ou hippie. E acordar desejando ser tudo isso todo dia.
São sacrifícios a se assumir. Acontece de ter que encarar até os trabalhos mais maçantes, desde que nos levem à alguma coisa melhor depois, que dêem experiência, vivência. Ou dinheiro mesmo, pra ter coisas, pagar contas. Se são esses os objetivos, e se são fortes o suficiente pra fazer levantar da cama, beleza, aguenta-se. Quando é frustrante e sem a força de nenhuma meta pra alavancar, fica difícil.
(What makes me strive?, taí a pergunta que não quer calar...)
Inveja-se tempo. Tempo para si, para fazer coisas que gosta, pra se cuidar, seja como for, pra não fazer nada. Leisure, lazer, tempo com prazer.
O pouco que a gente tem a gente perde. Na fila de gente, de carros, parados no sinal, esperando o próximo passo, a próxima curva, o próximo trem, a próxima etapa da vida que na verdade não se sabe qual vai ser, mas que passa todo o tempo arranjando tudo, esperando que adiante alguma coisa.
Às vezes eu me pego falando algo como "ah, eu estive muito triste ano passado" e talz... como se eu estivesse feliz agora, né?
*No loitering é um aviso que muitos lugares nos Estados Unidos estampam do lado de fora. É tipo um "não vadiar por aqui", ou seja, um aviso para que não se forme um grupo de gente simplesmente jogando papo fora, o que é por vezes ilegal e aparentemente algo perigoso pra sociedade (até aqui já se enquadrou gente por vadiagem, há alguns anos). Quantos planos de roubo são feitos assim, né? Ou músicas, ou ideias pra filmes e livros, discussões filosóficas... De qualquer modo, parece-me que os americanos têm mais tempo pra vadiagem que a gente, que inveja...